Certo dia comentava eu com a minha namorada, "caramba, ando cheio de vontade de ir à caça e não me aparece oportunidade nenhuma de ir fazer o gosto ao gatilho". Responde ela "és mesmo trengo, se não procurares não encontras!" Nesse dia fomos almoçar ao Clube de Tiro de Matosinhos com o nosso amigo e Presidente do Clube Paulo Azevedo e depois de variadas conversas acabou por me convidar para ir com ele às perdizes a Castelo Branco. Aceitei de imediato cheio de vontade de ir passear pelo monte e respirar um ar diferente do da cidade.
Nesse mesmo dia, chego a casa, conto ao meu pai o que vou então fazer e diz-me ele assim "o nosso amigo Sampaio Maia precisa de companhia para ir a uma Montaria na Herdade da Contenda no Alentejo, queres que lhe ligue a perguntar se quer a tua companhia?". Nem pensei duas vezes, liga-lhe e diz-lhe que estou disponível disse eu! E depois acrescentei "Se ele precisar de alguém que conduza, lhe tire as botas no final da caça e que lhe carregue a arma dum lado para o outro, cá estou eu! Zé Bruno, mochileiro ao seu dispôr!"
Chegado o dia, lá fomos nós rumo ao Alentejo. Foi uma viagem relaxada, sem grandes pressas e com boa conversa.
Paramos num cafezito conhecido para comer as óptimas empadas de galinha e esticar as pernas. Aproveitei e apreciei os capotes alentejanos que são bem giros diga-se. Até apetecia comprar logo ali um mas... não foi para isso que lá fui!
Continuamos a nossa viagem e desta vez fomos diretos a Moura. Terra bonita e agradável, fora o "briol" que se fazia sentir na altura. Deixamos as malas no hotel e fomos até Espanha comer uns petiscos ao "Rafa", espanhol conhecido por esse nome que nos serviu entre outras iguarias, espargos fritos com ovo, que são... UMA DELÍCIA! Aconselho. E ali ficamos na conversa! O verdadeiro convívio.
Sábado de manhã arrancamos em direção à Herdade para a dita montaria. Mal chegamos fomos logo brindados com abraços e boa disposição por parte dos amigos que só vemos de quando a quando. Ambiente divertido e acolhedor, com o pequeno-almoço já pronto para que os caçadores estejam de barriga bem cheia preparados para o ato venatório.
Antes de arrancar para o monte, ouvimos as regras, cuidados a ter e outras chamadas de atenção por parte da organização da montaria. Todo o cuidado é pouco quando se tem armas na mão...
Ora, fiquei na armada 1 porta 4... Vamos lá ver como corre pensei eu. Alguns diziam que ia ser bom, outros que iria ser uma desgraça que estávamos perto de mais do limite da "mancha a montear". Eu estava mais numa "seja o que for, eu quero é ir para o monte!". Durante a deslocação para o posto, fui conversando e apanhando chuva como manda a regra do caçador duro. Nunca dando a parte fraca mas gelando por dentro até ao tutano! Mal cheguei ao posto estava pior que se tivesse caído a uma piscina, "jasus deus me livre se continua a chover assim...arre!" pensei eu! Mas com o entusiasmo da caçada nunca mais me lembrei do frio... qual frio!
Lá tive de andar uns bons 300 metros pelo meio do mato até ao meu posto, maravilha. Até aquele pequeno percurso me fez relembrar os tempos militares em que dava tudo para poder ir fazer uns exercícios para o mato com os camaradas. Assim é que é bom. Disto é que eu gosto!
Mal cheguei avistei um veado a saltar à minha frente. Olhei em redor e num alto vejo 4 veados machos atentos a tudo o que se passa, vendo movimentações de pessoas, ou seja, os ditos caçadores e monteiros. Soltam-se os cães e todos os animais selvagens na zona começam a fugir deles. Os cães não têm pernas para os veados. Começam eles a correr e nos primeiros 20 metros já levavam avanço de uns 50... impressionante. Animal imponente. Corta o mato como se fosse um elefante... É que nem mossa faz!
Continuo a ver os cães a "varrer" o monte à procura de bichos. É uma algazarra engraçada, ouvem-se latidos, ladras, os berros dos monteiros a incentivar os cães, uma alegria! Pelo meio sentimos a chuva na cara, vemos as aves, o riacho à frente a correr cada vez mais devido a chuva. Que maravilha, como é possível não se gostar disto?! A montaria continua, vejo veados a passar por mim, javalis... cães! Que maravilha de manhã que se passa na caça.
Acabada a montaria, voltamos ao ponto de encontro, vemos as reses abatidas, contamos as nossas peripécias enquanto comemos juntamente com os nossos amigos. Bebemos um copo ou dois, comemos mais, conversamos mais... Nem apetece vir embora. Está-se tão bem assim! Mas tem de ser, a festa acabou. Despedimo-nos de toda a gente, metemo-nos no carro e lá voltamos para o Norte. Sempre na conversa, falando de tudo e mais alguma coisa.
Esqueci-me de dizer que consegui caçar um veado e um javali no meio disto tudo. Mas isso é uma pequena parte do que é caçar. Caçar é um estado de espírito, uma maneira de encarar o mundo selvagem e fazer parte dele. Eu adoro premir o gatilho, mas adoro tudo o resto também ao ponto que sempre que vou à caça nunca venho triste ou insatisfeito. Porque eu o que quero mesmo é fazer o que gosto, que é caçar.
Despeço-me de todos vós desejando um óptimo dia 24 e muitas prendas para logo à noite!
JBN
G O S T O !
ResponderEliminarSe continuares estes registos vais ficar com um arquivo precioso! Abr.
Anda aí dedo!
ResponderEliminarEu bem disse. Não metas travões, é sempre a fundo.
ResponderEliminarAbraço
Eu bem disse. Não metas travões, é sempre a fundo.
ResponderEliminarAbraço